Os trabalhadores da função pública cumprem esta sexta-feira uma greve de 24 horas, esperando-se um impacto significativo na educação e na saúde.
Para além desta, estão também previstas greves setoriais, entre as quais dos trabalhadores em funções em estabelecimentos de saúde, convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS), afeta à CGTP.
À meia-noite, a greve tinha já uma adesão de 95 por cento, com um impacto particularmente significativo no sector da educação e saúde. Algumas escolas deverão encerrar e esperam-se perturbações nos hospitais e centros de saúde.
Tiago Oliveira, secretário-geral da CGTP, diz que este número “revela o enorme descontentamento que assiste a estes trabalhadores, as enormes dificuldade com que se deparam no dia-a-dia e a falta de respostas deste Governo, nomeadamente para o setor da saúde”.
Entrevistado pela RTP junto ao Hospital de São José durante a noite, Tiago Oliveira apelou ao Governo para "ouvir" as reivindicações de forma a "inverter políticas".
Os trabalhadores da saúde reivindicam a valorização da carreira e contratação de trabalhadores, acusando o Governo de adiar "a resolução dos problemas" por estar cerca de meio ano sem negociar com o sindicato representativo.
"Fizemos uma reunião com a secretária de Estado da Gestão da Saúde [Cristina Vaz Tomé] em julho e deixámos um conjunto de reivindicações vastas que ficou por analisar. Estamos em dezembro e continuamos a aguardar que a secretária de Estado da Gestão da Saúde nos diga alguma coisa sobre o nosso processo reivindicativo", disse Elisabete Gonçalves, dirigente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS), em declarações à agência Lusa.
Além da carreira dos técnicos de emergência pré-hospitalar, estão por negociar as dos técnicos auxiliares de saúde, técnicos superiores de saúde na área da psicologia, na área da nutrição, na área da farmácia, técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica.
"Desde julho nunca mais reunimos com o Governo. Temos feito sucessivos pedidos de reunião, em que vamos sempre elencando o conjunto de reivindicações que temos e não temos agendamento de reunião", lamentou Elisabete Gonçalves.
Helder Sá, vice-secretário-geral Fesinap, argumenta ainda que, apesar de a carreira de técnico auxiliar de saúde ter entrado em vigor em janeiro, há Unidades Locais de Saúde que não integraram os profissionais na lista.
Durante o dia de greve, os serviços mínimos serão assegurados nos serviços que funcionem ininterruptamente 24 horas por dia, nos sete dias da semana. Serão também assegurados os tratamentos de quimioterapia e hemodiálise já anteriormente iniciados.
Na educação
Já os profissionais da educação exigem a criação de uma carreira especial para os trabalhadores não docentes das escolas, depois de o ministro da Educação ter afastado esta hipótese na semana passada.
"Isto está a causar grande desconforto", apontou o vice-secretário-geral Fesinap, em declarações à Lusa.
Helder Sá acusa o ministro da Educação, Fernando Alexandre, de "desconhecimento do que se passa nas escolas", ao ter referido que a proposta do Governo pretende que os trabalhadores que lidam diretamente com os alunos possam dedicar-se, em exclusivo, às funções educativas, deixando as restantes tarefas para outros assistentes operacionais.
Entre as principais reivindicações desta federação está "a subida de um nível remuneratório para todos os trabalhadores com, pelo menos, 10 anos de serviço com vínculo de emprego público integralmente realizado, independentemente do tipo de contrato" e "desde que não tenha progredido via Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho na Administração Pública (SIADAP)".
A revisão deste sistema de avaliação, bem como a reposição dos pontos perdidos para efeitos de progressão de carreira, e a instituição do cartão refeição na Administração Pública "através de negociação em Acordo Coletivo de Empregador Público (ACEP), para o valor diário de 10,20 euros, livre de imposto", também estão entre as reivindicações.
c/Lusa